quarta-feira, 29 de julho de 2009

Enquanto isso no fantástico mundo da hipocrisia...

Recorte passado pela Lulu diretamente do portal Globo para Londres e de Londres para o Rio de Janeiro. Leiam o post depois o Bloco aqui joga uma ou duas palavras a respeito.

A coisa ficou afrodescendente para o humor negro

por Hélio de la Penha

“King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?”

Tomei conhecimento desta piada feita pelo Danilo Gentili através do twitter. Admiro o trabalho do humorista, acompanho a atualização do seu twitter, fiz questão de assistir seu stand up quando esteve no Rio e ri muito, assim como curto suas matérias no CQC. Enquanto representante do humor negro, black ou afrodescendente, resolvi pôr a mão nessa cumbuca quente.

É um tema que provoca discussões passionais. Há os que querem condenar quem faz piada com preto, há os que querem condenar quem reage a uma piada com preto. Sou contra proibir piadas, mas acho que a reação a elas deve ser encarada com naturalidade.

Não tenho problemas com piadas de qualquer natureza, desde que elas sejam engraçadas. Não foi o caso. Quando a piada é boa, não cria constrangimento. E as explicações patinam, não esclarecem nada. No caso, ela me incomodou porque faz um paralelo do gorila com um jogador. Mas não qualquer jogador e sim um jogador preto. Afinal, a graça estaria aí. Ninguém comenta ou faz piada se um jogador branco pega uma loura. O estereótipo com o qual nós, humoristas, trabalhamos com freqüência é a do jogador negro (ou pagodeiro negro) que subiu de vida e, como tem grana, consegue pegar uma lourinha. O argumento de que não foi citada a cor do jogador é furado.

Danilo publicou um texto no seu blog sobre o assunto. Ali argumenta que quem chama um preto de macaco é crucificado. E afirma que “eu mesmo cresci ouvindo que sou uma girafa”. E que muitos gordos são apelidados de “baleia”ou “elefante”. O problema é que ninguém parado numa blitz foi xingado de girafa pelos canas. Também não ouvi falar de um porteiro que tenha dito a um gordo: “Sobe pelo elevador de serviço, baleia.” Associar o homem preto a um macaco não é novidade no anedotário e causa desconforto aos homens pretos.

Se alguma vez você sofreu discriminação racial, sabe o quanto isso é desagradável. Esta é a razão deste tipo de piada bater na trave. Isso não significa que eu seja a favor de cotas raciais – sou contra, prefiro um ensino de qualidade para todos. Também não sou militante da causa negra. Sou militante da mistureba geral das etnias. A fúria do “politicamente correto” é fruto de fanatismo. Mas democracia é o direito de se manifestar contra ou favor do que quer que seja, inclusive de uma piada.

Acho exagero imolar o humorista em praça pública. Processo é bobagem. Danilo não apontou o dedo na cara de nenhum preto e disse “olha aqui, seu macaco.” Ele fez uma piada, quem não gostou expôs sua opinião. Eu não gostei. E só.

>o Bloco: Eu nunca fui conhecido internacionamente pela minha pompa e bons modos para o humor. Pelo contrário. Meu humor é ácido, joselítico, sarcástico. Do tipo que perde o amigo e faz a namorada dele brigar com você, mas não a piada. Há quem diga que vou melhorar, há quem diga que se melhorar estraga.
Mas o fato é que de uma maneira ou de outra, nunca gostei de ser censurado pelo meu humor. Por duas razões: Uma vez que se tem a intenção de entreter contando piadas, todos os dogmas, paradigmas, esteriótipos estão a sua disposição para serem utilizados. O humor "quick wicked" como costumo chamar, é isso. Outra porque, acredito no humor como forma de reflexão e modo de discutir analisar fenômenos cotidianos. Se alguém ainda faz piada de negro, homosexual, judeu, português, loira dotada de pouca capacidade intelectual, e vai tomar no cú, por eu ter que usar termos polidos para descrever estas categorias anteriormente listadas, é porque o ser humano ri de si, e da desgraça alheia, com ou sem puderes.
Aos Movimentos Sociais desse país acredito, faltar a irreverência. Eu sei muito bem disso porque sempre atuei politicamente, inclusive, no movimento negro.
A piada de nosso amigo Gentilli, deve ser tratada como uma piada e não como uma afirmação que reflete "o status do imaginário coletivo sobre a situação pós-moderna do negro brasileiro". Ponto. A piada é ruim. É! Há quem discorde? Certamente! Agora porque estamos aqui há tantas linhas debatendo os fatos e atos de uma piada? Eu não sei. Mas deve ser importante para meu subconsciente se manifestar sobre isso de alguma maneira. Não gostou? clica ali nas reações e vai ver o blog da bruna surfistinha! Garanto que ela tem uma opinião mega formada sobre esse assunto. rs!

Te vejo Pelas Ruas!

2 comentários:

Louise Palma disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Louise Palma disse...

Bons textos. E eu gosto das suas piadas!rs