sexta-feira, 14 de março de 2008

onde o público não é o de todos mas o de ninguém...

há 500 anos somos bandeirantes e corsários,
há 500 anos seguimos o mesmo itinerário
há 500 anos esta terra dá o que nela se planta
e há 500 anos seguimos com nossa ignorância.

dentro de um país de dimensões continetais, nos sentimos párias, nunca senhores.
sempre nos colocamos como pobres, trabalhadores, coitadinhos, pra sempre sofredores...

há 500 anos este povo não é nação.
há 500 anos nos subjulgamos e nos colocamos nessa condição.
se o Homem é o lobo do Homem, o Brasileiro é o algoz do Brasileiro.
ruim da cabeça, mas sempre muito bom de pandeiro.

difícil apagar a herança dos nossos ancestrais...
mas pra além dos óbvios e magníficos traços culturais, ficou um sentimento, uma dor, um tormento que devia, mas parece não se apagar mais.

do índio que não era mercantilista e perdeu sua esposa, sua rede, e seus peixes. perdeu seu direito aos proprios feixes de lenha, da terra que já não lhe pertencem mais.

do negro que acorrentado ganhou como regalo um cruzeiro trans-oceânico, e bons e longos séculos de servidão e escravidão. Nação? não, para estes ou aqueles, para o Peri ou Zumbi, não meu irmão... Esta terra não é minha não minha e nem sua, nunca foi talvez nunca será?! essa terra é deles. daqueles que de um jeito ou de outro mesmo neste calor usam peles e couro.

de fato, a terra é deles. mas e nós que aqui estamos? por quem esperamos? o messias? o presidente ex-torneiro mecânico? a volta dos ideais de igualdade,irmandade e fraternidade? quando acordar e perceber que o público também é nosso, mesmo que a escritura esteja no nome de outro?

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